domingo, 10 de junho de 2007

Sob Lençóis

Ao me encontrar sob lençóis abro os meus olhos e vejo que são tão brancos quanto uma pradaria coberta pela neve que cai no hemisfério norte e que vemos nos filmes. Ao andar, tomo meus devidos cuidados para não marcar meu all star velho. Sua harmonia, pureza e sua imensidão merecem todos os cuidados para não se marcar os pés. Ao caminhar mais um pouco as sensações mudam e meus sentidos falham, cheiros me embebedam num frenesi. Doce cheiro e um tato que me faz deslizar sobre correntes lisas, bem cuidadas e um leve refletir de luzes que me hipnotiza pelo seu brilho e meu olfato traido por alguns momentos não se concentrando em mais nada. Mas medito um pouco e vou para as janelas que estão ali por perto. Lá vejo pelos vidros enquadrados com suas molduras moderninhas dois lindos objetos, ambos simetricamente pintados e adornados. Uma certa melancolia me encosta quando os vejo, pela docura que eles representam e por perceber que estao úmidos. Peço licença, e vou dando pequenos passos com minhas meias (para não sujar o chão da casa) e tento secá-los com muito cuidado, mas me sinto com fissuras e infiltrações depejando liquidos pelos póros assim que o termino de deixar eles em ordem (pelo menos foi minha intenção). Linda tal paisagem...que não quero ir embora dali, mas acabo acordando pelo solavanco de um mais um coletivo indo para a zona oeste e vejo o quanto é bom ter você deitada no meu ombro, mesmo sendo numa viagem de ônibus rotineira.