segunda-feira, 14 de maio de 2007

A Coloação

Ao entrar num salão em que residiam mais de 400 pessoas pensei que antigamente, tais degraus descrescentes me proporcionavam momentos em que eu saía daquele salão embebido nas minhas reflexões junto com, no máximo, 15 seres orgânicos para um bar e falar sobre o que eu pensei de Alphaville, mas hoje os degraus desciam para uma ladeira em que eu achava que não teriam fim. As 400 e tais pessoas pareciam um interminável corredor polonês eu eu me sentindo sufocado. Separei rapidamente a minha bolsa de kits emergenciais e peguei meus brinquedois de sobrevivência. Ao começar os ritos, eu simplesmente não ouvia nada. Um silêncio me nublava a visão e eu só conseguia berrar pra mim mesmo: o que eu estava fazendo ali? Mas antes mesmo que eu pudesse correr, o nome que meus projenitores me registraram foi pronunciado, sendo assim, logo vi que carregar minha caixinha foi uma solução bem esperta. O meu sorriso amarelo foi bem usado pra mostrar que a situação que eu passava estava me agradando por eu estar sendo colado a um pedaço de papel, mas para as pessoas não desconfiarem, coloquei junto com os 64 dentes amarelados pela nicotina e outras inas uma cara vendida, que roubei um dia de um santo num relicário qualquer para mostrar para as 400 pessoas que eu estava realizado, como uma criatura que estava traçando sua escadinha para o sucesso que todos estavam desejando. Essa cara cínica que eu faço para mostrar para as pessoas: Viu? Agora sou uma realização que a sociedade tanto me cobrou e o próximo passo serão os filhos.
Após os ritos e uma marca na testa que dizia pra todos: Você não é mais um entre a multidão porque jurou por este estigma Guardei minhas bugingangas no meu estômago pra vomitá-los aqui porque usar tais recursos não são para um maldito, que mesmo com uma queimadura na testa que será exposta numa moldura de quarto, um maldito será sempre um maldito.

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